Papo de tri

4 de novembro de 2020 Deixe um comentário

Já pensou na possibilidade de obter informações sobre triathlon no Youtube?

Eu e Lívia pensamos (na realidade foi a Lívia pq sou tímido demais pra pensar nessas coisas… Rs) e decidimos criar o Canal do Youtube Papo de tri pra poder contar nossas peripécias no mundo do #nadapedalacorre…

  • Vamos contar como começamos, onde estamos e pra onde pretendemos ir…
  • Vamos apontar as características das provas que já fizemos e que vamos fazer…
  • Vamos falar de Ultraman, Ironman, 70.3, Olímpico, Short e qualquer outra distância que inventarem para se nadar, pedalar e correr em sequência…
  • Vamos responder as perguntas que forem enviadas…
  • Vamos fazer previsões (na realidade vamos chutar mesmo) dos vencedores das provas de Ironman que estão por vir… (E nos divertir com nosso acertos e erros depois… Rs)
  • Vamos trazer convidados especiais pra compartilhar suas experiências com a gente…
  • Enfim, vamos falar sobre qualquer assunto que seja de interesse do pessoal do triathlon e da corrida de rua, sem nunca esquecer dos outros esportes…

Mas… Para que tudo isso aconteça, precisamos da ajuda de todos vocês. Seja sugerindo temas pros vídeos, criticando o que está ruim, mandando dúvidas, mandando informações relevantes, divulgando e se inscrevendo no canal ou da maneira que vocês acharem que podem contribuir…

No final das contas, o que a gente quer é ajudar a divulgar cada vez mais o triathlon, esse esporte que a gente tanto ama, mostrar que qualquer pessoa pode ser um triatleta e abrir um canal de comunicação pra uma troca de experiências…

Então vai lá: segue a gente, se inscreve no canal Papo de tri, ativa o sininho pra ser avisado dos próximos vídeos e participem… A casa é nossa!

Ironman Wales 2019 – A prova

22 de novembro de 2019 Deixe um comentário

Desculpem. Acho que esse é o post mais longo de toda a minha vida, mas O Ironman Wales vale à pena…

O Ironman Wales ocorre na pequena cidade de Tenby, condado de Pembrokeshire, no País de Gales (Wales). Pra termos uma dimensão do que acontece, o condado de Pembrokeshire tem algo perto de 125.000 habitantes e Tenby, acreditem, tem cerca de 5.000 habitantes… É uma cidade muito pequena e maravilhosamente acolhedora.

Logo no dia seguinte da nossa chegada fui surpreendido por esse simpático cartaz:

Tenby love Ironman(woman)

Pra chegar até lá, o que aconteceu foi o seguinte: Pegamos um voo do Rio de Janeiro pra Lisboa. Depois de uma escala rapidinha, embarcamos pra Londres que, depois de umas 2h na fila da imigração, pegamos nosso carrinho alugado e encaramos mais ou menos umas 4h30min de estrada para chegar até Tenby. Somando tudo acho que deu umas 25h de viagem.

Chegamos lá no finalzinho da tarde de quinta, o que eu, particularmente, acho meio apertado caso tivéssemos algum contratempo pra resolver (extravio da bike, quebra de alguma coisa, sei lá…). Para nossa sorte, os prejuízos no trajeto foram poucos (sim, tivemos… O câmbio eletrônico da Lívia chegou sem funcionar mas era “só” um mau contato…) e logo que percebidos, consertados… Pelo menos era o que a gente achava… Rs

Conseguimos chegar ainda a tempo de pegar o kit e assim o fizemos, já no fechamento da expo naquele dia… Depois do kit na mão, aí sim fomos pro hotel… Nesta noite ainda tivemos disposição pra sair pra jantar, e talvez esse tenha sido o maior erro da viagem. Fomos num restaurante bacana (o primeiro que encontramos) pedimos os pratos, comemos super bem e saímos super felizes, porém, no dia seguinte veio o resultado: Lívia contraiu uma infecção alimentar e não tinha forças nem pra caminhar… Passou a manhã inteira deitada, só levantando pra ir ao banheiro. Por um momento achei que a prova dela tinha ficado comprometida. Na parte da tarde, fomos ao congresso técnico e ela simplesmente não conseguia ficar sentada na cadeira de tão fraca… No final do dia, mesmo que “meio forçada” ela conseguiu comer alguma coisa…

No sábado, apesar de ainda não estar 100%, ela já tinha melhorado bastante e saímos pra dar uma volta de bike pra ver se estava tudo funcionando corretamente. Neste momento descobrimos que o câmbio da Lívia não estava funcionando… Depois de muito futucar, verificamos que os fios tinham soltado durante a viagem. Foi só reconectá-los que tudo voltou a funcionar… Quando saímos pra girar de bike por aproximadamente 1h é que começamos a realmente descobrir os encantos de Wales…

Numa pequena volta de bike é possível encontrar uns castelos pelo caminho…

Aproveitamos também pra ir ver o local da tão famosa natação de Wales. A variação da maré aqui é impressionante. Na parte da manhã a faixa de areia diminui e aquela rocha ali no centro fica toda envolta de água. Na parte da tarde, o mar recuava tanto que se a natação fosse nesse horário, tenho certeza que não nadaríamos nem metade da distância… Rs. Nessa foto aí, a maré estava “no meio do caminho”…

Local da natação
Rampa de acesso à praia

Na parte da tarde, como de costume, fomos para o bike check-in deixar as bikes e sacolas na transição. A parte diferente dessa prova é que não temos acesso às sacolas na manhã da prova, somente à bike, portanto, quem gosta de deixar as sapatilhas já presas nos pedais, tem que lembrar de levá-las na manhã da prova. Eu acho esse negócio de não acessar as sacolas de manhã meio estressante mas, regras são regras…

Aliás, falando em regras, aqui (ou melhor, lá) em Wales a regra do littering (lixo) é bem rígida e clara: jogou lixo no chão fora das áreas demarcadas como área de descarte, DESCLASSIFICADO! Num primeiro momento, a regra até parece meio absurda mas quando te explicam os motivos durante o briefing e vc conhece a cidade, faz todo sentido. Tenby é uma cidade tão linda, limpa, organizada e nos acolhe com tanto carinho que não é justo a gente chegar lá, bagunçar tudo e ir embora.

No final do dia ainda comparecemos à Iron Prayer, uma “missa” que a organização da prova realiza numa Igreja Batista próximo à expo. Apesar de poucas pessoas, foi um momento bastante emocionante onde pudemos agradecer por estar ali e pedir ajuda para que tudo corresse bem no dia seguinte. Achei muito legal e recomendo pra quem for fazer a prova… Mesmo que não seja uma pessoa super religiosa… Eu tb não sou e gostei…

Race day

Despertador tocando às 4h da manhã… Aquela vontade de continuar dormindo… Toda manhã de prova é a mesma coisa: o despertador tocando e eu querendo continuar dormindo…

O hotel que ficamos era uma parada muito familiar… Bem legal… A própria dona do hotel faz o café da manhã para os hóspedes todos os dias, inclusive às 4h30min da madrugada do dia da prova… Sensacional!

Nosso hotel era muto perto da transição, consequentemente, muito longe da largada… Isso nos possibilitou ir cedinho checar a bike, colocar as sapatilhas no lugar, abastecer o aerodrink, ajeitar as comidas… Essas coisas de toda manhã de prova…

Saímos encasacados como podíamos naquela manhã fria, e depois de tudo arrumado nas bikes, voltamos pro hotel. Tivemos tantos problemas na preparação e, principalmente nos últimos dias que antecederam a prova que ali, juntos, eu e Lívia pegamos o panfleto da missa do dia anterior e fizemos uma oração que tinha no final, específica para o dia da prova. De novo nos emocionamos. Tudo o que queríamos era agradecer por estar ali…

Vestimos nossas roupas de borracha e fomos em direção à largada… O frio na barriga faz parte do uniforme nesse momento. Todos temos!!! A caminhada até a praia tinha um pouco mais de 1km e fomos caminhando devagar… Começamos a perceber algo diferente… Já tinha muita gente na rua… A gente ia passando e já tinha gente nos incentivando… Parecia meio estranho…

Entramos na rampa de descida para a praia e aqui vem uma peculiaridade de Wales: como a T1 é muito longe da praia (do final da natação até chegarmos na tenda de troca tem +/- 1,5km), é permitido que você deixe uma sacola (fornecida pela organização, obviamente) com um par de tênis para percorrer essa distância com mais conforto e segurança.

Deixamos nossas sacolas com o tênis pendurada nos nossos respectivos números na grade da rampa e fomos pra areia. É impressionante olhar lá de baixo e perceber a quantidade enorme de pessoas torcendo antes mesmo da largada… É de arrepiar.

Eu e Lívia procuramos nosso lugar de largada, de acordo com o nosso tempo previsto de natação, e ali ficamos aguardando o tão esperado momento.

Swim

A parte legal aqui é que seu tempo só começa a contar quando vc passa no pórtico de largada, ou seja, o que conta é o seu tempo líquido… Isso é bom pq quem nada um pouco mais devagar ou não tem muita segurança na natação, não precisa se preocupar em ir lá pra frente, dá pra largar com calma, fora da confusão, e evitar ser atropelado…

Depois do hino, quando soou a buzina, partimos em direção à água. Eu estava com muito medo da temperatura. Sou muito friorento e a água lá costuma ser muito fria. Por sorte, não estávamos num dia absurdo. Mesmo assim já tinha decidido nadar com um top de neoprene por baixo da roupa de borracha e um touca de neoprene, por baixo da touca da prova.

Metade da natação

Não sei o que aconteceu nesse dia mas fiz uma natação muito boa pros meus padrões. A única justificativa que consigo encontrar foi que fiquei o tempo todo pensando em sair da água o mais rápido possível pra não congelar. Deu certo… Fiz minha melhor natação de Ironman e não congelei, que era o principal objetivo dessa etapa… Rs

Percurso da natação

Como de costume, acabei nadando um pouquinho a mais do que o necessário (ok, muito mais… O Garmin mediu 4.400m). No final, todo mundo acabou nadando mais, até os prós falaram disso… Mas obviamente não era tão mais assim… Rs

Saí da água e fiquei surpreso quando olhei pra rampa e percebi a quantidade de sacolas que ainda estavam por ali, sinal de que eu realmente tinha feito uma natação melhor do que de costume…

Nadei em 1h14min29s… Ok, pra quem sabe nadar é um tempo bosta mas, acreditem, foi meu melhor tempo de atação de Iron. Com esse tempo saí da água na 143ª posição da categoria.

T1

Eu estava tão preocupado com a Lívia que antes de pegar minha sacola com o tênis, ainda dei uma olhadinha pra ver se a Lívia já tinha pego a dela e, graças a Deus, ela já tinha pego… Meu pensamento na hora foi: “Pelo menos nadar, ela conseguiu!!!”

Percurso da T1.

Soltei a parte de cima da roupa de borracha, peguei meu tênis, calcei e saí correndo pra tenda de troca. Não é agradável correr com a parte de baixo da roupa de borracha vestida. Fica a dica: tire toda a roupa de borracha pra correr até a tenda!

Outra coisa importante aqui é que o chão da área de transição é muito áspero, feito de umas pedrinhas… Machuca bastante os pés… Eu não suporto correr de sapatilha, portanto, sempre deixo presa na bike… Nessa prova, quem estava de sapatilha no pé se deu bem… Rs

Apesar de ser uma transição gigante, achei que nem demorei tanto assim mas é óbvio que sempre pode ser melhor…

Bike

Eu já sabia que o dia seria bem longo mas não sabia que seria tanto. Me inscrevi na prova ciente de que encararia 2.400m de ganho de elevação no ciclismo e tentei, de todas as maneiras, me preparar pra isso… Não deu muito certo mas hoje, praticamente 2 meses depois da prova, acho que já identifiquei os equívocos… Faz parte do processo de aprendizagem… Vamos à prova:

Uma vez sobre a bike, comecei a imprimir o ritmo que achava que sustentaria até o final dos 180k. Obviamente me enganei…

O início do percurso engana bastante. A gente acha que vai ser tranquilo… Mas não vai!

Logo no começo, talvez com um pouco menos de 30km de prova, me deparei com o primeiro acidente: uma moça estava deitada completamente imóvel recebendo os primeiros socorros ali mesmo. Imaginei que pudesse ser grave mas não tinha nada que pudesse fazer pra ajudar. (Não sei se acontece com vocês, mas isso me abala um pouco… Não chega a afetar a prova, mas a gente começa a viajar nos pensamentos e perde um pouco o foco…)

Um pouco mais à frente, por volta dos 40km foi onde realmente comecei a desanimar. E sim, é muito cedo pra desanimar numa prova tão longa. O lance foi que uma abelha desgovernada (coitada da bichinha) se chocou contra o meu capacete e depois dessa pancada inicial, bateu na minha coxa, perto da virilha (sim, por cima da bermuda) e fez um estrago enorme. Comecei a sentir tanta dor que preferi parar pra ver o que tinha acontecido. Os restos mortais da abelha “kamikaze” estavam lá, presos na minha bermuda e na minha coxa tinha um buraco sangrando de +/- meio centímetro de diâmetro. Fiquei meio preocupado mas, mesmo doendo bastante, não tinha muito o que fazer. Era continuar na prova pra ver o que acontecia… (Essa abelha me deixou com um roxo de quase 10cm na coxa por uns 15 dias e uma pequena marca que dura até hoje e acho que permanecerá pra sempre… Rs)

Aqui cabe uma recomendação importante: NUNCA PEDALEM SEM ÓCULOS (ou capacete com viseira)! Um treco desses se pega no olho, já era…

Ok, seguimos na prova: o final da prova é realmente muito duro com várias subidas curtas mas muuito íngremes que começam a moer as pernas e isso eu não imaginava no meu treinamento. A altura máxima que chegamos nessa prova não chega a 200m, ou seja, nem é tanta coisa, o problema é que não tem nenhum plano. Ou sobe ou desce o tempo todo…

Altimetria do ciclismo

Com 110km completamos a primeira volta do percurso do ciclismo e aí veio o segundo baque do desânimo: a parte do percurso que repete, os últimos 70km são justamente os mais difíceis… Confesso que quando passei ali e me dei conta disso, desanimei muito. Eu já estava tão devagar que realmente pensei em voltar pro hotel. Ainda bem que não fiz isso. Eu não tinha nenhum motivo real pra abandonar. Ia ser um arrependimento absurdo…

Percurso do ciclismo

Fui pra segunda volta e ainda vi mais uns 3 acidentes nesse trecho. Aparentemente menos graves do que o primeiro, mas nunca se sabe. Eu mesmo quase passei reto em uma curva bem fechada depois de uma descida. O cansaço começa a bater e a gente começa a perder os reflexos… Ainda bem que consegui, mesmo travando a roda traseira e derrapando por uns bons metros, me livrar da queda…

Uma das subidinhas do percurso…

Depois do susto, só me restava trazer de volta a bike pra T2 e ver o que restavam das minhas pernas pra correr…

A parte legal disso foi que, quando eu estava quase chegando na T2, vi a Lívia correndo livre, leve e solta… Me deu outro ânimo!!!

E essa torcida??? Realmente nunca vi igual… Impressionante!!!

Ok. Falei, falei e não disse o tempo do pedal. 7h30min cravados. Uma eternidade! Lamentável!!! Nem sei o que falar… Jamais cogitei ficar tanto tempo assim pedalando nessa prova. Ainda bem que sempre superdimensiono a quantidade de comida que preciso levar… Rs

Pra finalizar, essa belezura de pedal me fez ser jogado para a 237ª posição na faixa etária. Foi o 255º tempo de pedal entre os 376 atletas da minha categoria. Não gostei nada. Tô furioso e isso vai ter que melhorar…

T2

Na hora de descer da bike, apesar de odiar isso, permaneci com as sapatilhas calcadas. Me sinto ridículo correndo com isso no pé mas, com as pedras que tive que pisar na T1, achei que seria melhor assim e considero que acertei…

Não fiz uma boa transição. Quem se preocupa em ser rápido depois de 7h30min pedalando???

Peguei minhas coisas com calma enquanto repensava minha estratégia de corrida. Não sei o que minhas pernas iam fazer depois desse tempo todo pedalando…

Run

Comecei a corrida com o único propósito de correr direto até o primeiro posto de hidratação/alimentação. Lá eu decidiria a próxima meta. Assim eu fiz. Embora tenham muitas subidas, consegui permanecer correndo mesmo nelas… Cheguei no posto de hidratação, bebi e comi enquanto caminhava por 1min e voltaria a correr… Funcionou. Esse 1min de caminhada parece mágico.

Início da corrida.

Daí pra frente fui nessa estratégia o tempo todo: correndo entre os postos e caminhando 1min neles enquanto me alimentava. Uma maravilha…

O percurso lá são 4 voltas iguais de 10km e pouco. Cada uma com um total de 500m de ganho de elevação, ou seja, também não é uma corrida fácil mas é tanta gente torcendo durante os 43km de corrida (sim, o percurso é maior) que dá até uma inibida em quem quer dar aquela caminhada marota… Rs

Altimetria da corrida.

Mais ou menos na metade da corrida comecei a sentir frio e coloquei as luvas que já tinha pego na T2. Sempre sinto frio nas mãos e colocar uma luva me transforma em outra pessoa… Comecei a me sentir um pouco melhor e na última volta fiz toda sem caminhar nem nos postos de hidratação…

Na minha última volta o dia anoiteceu mas, nesse momento, eu estava tão animado com a proximidade do fim que nem isso me abateu. Quando entrei no tapete de chegada, nem sei muito bem o motivo, mas comecei a chorar igual a uma criança. Aliás, lembrando de tudo o que passamos nos últimos dias que antecederam a prova, sei sim o que me fez chorar…

Percurso da corrida

Minha corrida, apesar de lenta, foi muito constante e acabei fazendo a 78ª melhor corrida da categoria (com lentas 4h21min14s). Essa corrida me puxou pra 166ª colocação dos 376 da faixa etária… Não é bom mas pelo menos é na primeira metade da galera… Rs

Chegada

A chegada dessa prova foi tão especial que resolvi separar da parte da corrida. Cruzei o pórtico com 13h19min14s. Bem acima pra quem achava que era possível fazer perto de 12h30min mas ok, cheguei… Provavelmente planejei mal mesmo o meu tempo…

Chegada.

Mas e a Lívia??? Lembram dela??? Pois é, ela já tinha chegado, obviamente. Mas eu não tinha noção de como ela estava. Bem? Mal? Feliz? Triste? Sei lá…

Peguei minha medalha e fui passando direto por todo mundo pra tentar encontrar a Lívia. Quando cheguei na tenda de troca, ela estava na porta me esperando. Ela tinha acabado de saber o resultado dela com uma outra atleta que estava lá no final tb mas com o celular (a Lívia estava sem) e me contou que venceu a faixa etária… Ela foi a campeã da F35-39 em uma das provas mais difíceis do circuito… Sensacional!!!

Quando ela me contou, nos abraçamos e ficamos ali chorando juntos por um bom tempo. Aquele foi o final de semana mais louco que já passei. Do tudo perdido ao tudo ganho. Depois de tudo o que passamos, a vaga de Kona era dela. Ninguém mais poderia tirar… Foi bom demais poder participar disso. Me emociono só de lembrar…

Festa da meia noite

Voltamos pro hotel, tomamos banho e saímos pra comer alguma coisa e participar da festa de encerramento da prova, esperando e dando força pros últimos atletas do dia!!! Dá pra ver a felicidade no nosso rosto???

Premiação

No dia seguinte fomos pra premiação, rolagem de vagas e passear por Tenby.

Premiação.
Rolagem de vagas pra Kona.
I faced the dragon!!!

E como está escrito na camisa de finisher: “I faced the dragon!

Repetindo o que está escrito na primeira frase desse post:

O Ironman Wales vale à pena!

Ironman 70.3 Fortaleza – A prova

18 de junho de 2019 2 comentários

Acreditando na opinião da galera que dizia que a prova era muito dura, fui fazer o 70.3 de Fortaleza. Eles tinham razão… Eita prova boa!!!

Pré Prova

Chegamos em Fortaleza na noite de sexta (a prova era domingo) e não deu tempo nem de montar a bike nessa noite. Foi chegar e dormir mesmo. Para economizar, pegamos um voo que dava a volta ao Brasil inteiro e passamos a sexta-feira inteira viajando, literalmente.

Acordamos cedinho no sábado pra montar as bikes e pegar os kits. Além disso, a Lívia tinha compromissos profissionais logo cedo e eu tinha que arrumar um capacete. Sim, esqueci o meu capacete em casa, em cima do sofá, na correria de descer pra pegar o táxi que, supostamente, estava me esperando.

Sobre o capacete, esclareço: sempre levo meu capacete na mão pq tenho medo de ele quebrar na viagem. Pra não esquecer, prendo ele no “grampo” que tem na minha mochila. Na correria pra sair, precisei abrir a mochila e soltei o capacete… Ele ficou… A sorte é que hoje em dia, com as redes sociais, a gente consegue tudo… Acionamos um amigo de Fortaleza ainda na fila do embarque, quando percebi que tinha esquecido, e antes da decolagem já tinha conseguido quem me emprestasse um capacete… Que aliás, é do modelo do meu e ainda combinou bem mais com o uniforme… hahaha

Com tudo resolvido e o kit na mão, fomos dar uma nadadinha pra sentir o mar, uma pedaladinha pra testar as bikes e uma corridinha pra soltar as pernas. Tudo isso ainda antes do almoço.

Depois do almoço, descanso, bike check in, mais descanso, jantar e dormir…

Na manhã da prova, tudo muito tranquilo, sem atropelos… O hotel próximo à largada é uma coisa fundamental… Acordamos tranquilos, tomamos café, fomos arrumar as coisas na transição e ainda deu tempo de voltar no hotel…

Swim

A natação em Fortaleza é sem roupa de borracha… Não tinha a menor condição de liberar a roupa de borracha. A água estava muuito quente… Mas vamos à prova:

De umas provas pra cá, já decidi que meu lugar de largar não é lá no fundo, daqueles que vão pra água caminhando. Minha largada é ali na frente… Não com o peito na faixa mas umas duas fileiras pra trás… Ali eu consigo correr pra água e já me livro de uma enorme confusão na frente sem ser atropelado por todos que vem de trás… Acho que ali é meu lugar…

Comecei a nadar e, sinceramente, nunca tenho novidades aqui… Eu nado quase sempre no mesmo ritmo, seja short, olímpico, meio iron ou iron… Fui lá, contornando as boias… Errando um pouco a direção pra lá e pra cá… No final nadei quase 200m a mais… Como de costume… Rs

Tinha uma pequena correnteza e sacudia um pouco, mas nada demais… Até que pra uma natação sem roupa de borracha, não foi tão ruim assim…

T1

Nessa prova não tínhamos tenda de troca. Segundo o Galvão, “dono” do Ironman no Brasil, é pra se adequar a todos os 70.3 do mundo… Eu particularmente prefiro assim, com as coisas arrumadas junto à bike, vc chega, deixa o que tem que deixar, pega o que tem que pegar e vai embora. Rápido e fácil…

Eu gostei!!!

Bike

Comecei a pedalar com a certeza de que tinha que imprimir um ritmo forte na primeira metade da prova, que era a favor do vento… O problema foi que não consegui…

A gente sabe muito bem o sentido do vento lá em Fortaleza e sabe também que, quanto mais tarde, mais vento. Resumindo, faça força na ida pra pegar menos vento na volta!!! Não deu.

Nem dá pra falar que era o freio pegando ou coisas do tipo… Eu olhava pra potência e não conseguia colocar a potência que eu queria de jeito nenhum… A galera ia me passando e eu não tinha o que fazer… Quando fiz o retorno, foi como se tomasse um soco. Bati na parede de vento e aí sim comecei a sofrer…

Lá pelo km 70 ou 75, meu pescoço doía tanto que quase não conseguia mais ficar no clip… E ficar fora do clip com o vento contra, ninguém merece… O capacete emprestado era um pouquinho maior que o meu e estava meio folgado… Balançava um pouco e acho que isso contribuiu pra aumentar a dor… Mesmo se fosse meu capacete teria dado problema… Talvez menor, mas daria… Eu já estava sentindo um incômodo nos últimos treinos… Preciso resolver isso…

Resumindo, é um pedal sofrido! O início e o término, que é numa área bem urbana, tem muitos buracos e a atenção tem que ser máxima, fora isso é só o calor e o vento que judiam mesmo…

T2

Mais uma vez uma transição bem simples… Largar a bike, tirar o capacete e sair pra correr… Tudo junto no mesmo lugar, muito bom…

Run

Saí pra correr com as pernas cansadas do pedal sofrido… Uns 300m depois da saída da T2 tinha um corredor enorme de pessoas torcendo e gritando o tempo todo. A energia é tão sinistra que tive que me conter pra não exagerar no pace e quebrar mais ainda…

O percurso eram 3 voltas de 7km cada uma… A primeira eu comecei num pace de conforto que, no meu “fantástico mundo”, conseguiria manter sem problemas até o final… Quanta inocência!!!

No final da primeira volta já tinha tomado a decisão de caminhar 1min em cada posto de hidratação… Isso me fez conseguir voltar a correr naquele pace anterior. As caminhadas atrapalhavam mas pelo menos quando eu estava correndo, tinha alguma dignidade… Rs

Lá pelo meio da segunda volta percebi que dava pra caminhar só 30s em cada posto de hidratação e assim fui…

No retorno da terceira volta eu só pensava em chegar o mais rápido possível pra acabar logo com aquilo… Nos últimos 3 kms eu vim acelerando progressivamente e cheguei como se estivesse iniciando a corrida… Bem forte… Isso me faz pensar que, como de costume, fui conservador demais durante a corrida…

Na hora achei que minha prova tinha sido bem ruim mas, no final das contas, vendo a quebradeira que foi, e reconhecendo minha capacidade física atual, acho que foi uma prova muito boa…

No geral, gostei bastante da prova em si… Esqueçam fazer o melhor tempo da vida aqui. A sacudida do mar, o vento do pedal e o calor da corrida não colaboram muito para que tenhamos muitos PBs (personal bests) pra postar mas se vc for pensar em uma experiência de prova, façam o 70.3 Fortaleza!!! Vale cada minuto do sofrimento!!!

Wings for Life World Run 2019 – A prova

Essa foi minha segunda participação nesse evento e posso garantir que a Wings for Life World Run é uma corrida completamente diferente de todas que tem por aí… A começar pela causa!

O instituto Wings for Life é uma fundação sem fins lucrativos com uma única missão: ajudar cientistas a encontrar uma cura para as lesões na medula espinhal. 100% do valor das inscrições da corrida vai diretamente para essas pesquisas e só de saber que, de alguma maneira mesmo que pequena, eu estou contribuindo para esta causa, a vontade de participar do evento já aumenta bastante.

É bem emocionante ver a quantidade de cadeirantes que participa da prova e a felicidade de todos eles em estar participando desse evento que, na realidade, é feito exatamente pra eles… E pra que um dia eles possam correr sem suas cadeiras…

Outra coisa bem legal é que não tem uma distância pré-definida pra você correr. A linha de chegada é um carro (o Catcher Car) faz o percurso todo até ultrapassar todos os corredores. A corrida termina quando o carro te alcança. Pode parecer estranho à primeira vista mas é bem legal…

Mais uma coisa que também acho interessante é que a corrida acontece simultaneamente no mundo todo. Se não me engano, foram 12 cidades ao redor do mundo que tiveram a corrida com o Catcher Car perseguindo a galera mas qualquer um pode participar, de qualquer lugar, através de um aplicativo pro celular que simula a velocidade do carro e avisa quando ele te alcançar virtualmente… Rs

Quando o Catcher Car te alcança, você precisa voltar pra arena da prova, onde te entregam algumas coisas pra comer, beber e a medalha de finisher. A organização disponibiliza vários ônibus em locais pré-definidos pra “resgatar” a galera que é alcançada. A única parte que não é muito legal é que nunca tem ninguém da organização que saiba informar onde é o ponto de ônibus mais próximo… Aconteceu ano passado e aconteceu de novo esse ano… Andei pra caramba junto com vários outros “zumbis” pra encontrar o busão… Rs. Vida que segue, fica aí o ponto a ser melhorado pro ano que vem…

A título de curiosidade, ano passado corri pouco mais de 27km e esse ano corri exatos 23. Isso é em parte explicado pelo momento da preparação que estava no ano passado e estou nesse ano, que é bastante diferente, ao fato de eu estar realmente treinando menos e à idade avançada que já me encontro… Rs

Pra quem se interessar em ver o percurso que corri, dá uma olhada lá no meu Instagram, @atriathlon, que tem um videozinho…

Se posso dar um conselho, participe dessa corrida no próximo ano. Pela causa, pela alegria dos cadeirantes que participam, pela prova diferente das que temos por aí ou pelo motivo que for… Você não vai se arrepender…

*Todas as imagens foram retiradas da internet.

A vida é feita de altos e baixos

15 de abril de 2019 1 comentário

Reza a lenda que Chico Xavier tinha uma placa ao lado da cama que dizia: “isso também passa!!!”

Quando perguntado sobre o significado da frase, ele disse que era para se lembrar que quando estivesse passando por momentos difíceis, poder se lembrar de que eles iriam embora. Que iriam passar. E que ele teria que passar por aquilo por algum motivo.

Mas essa placa também era para lembrá-lo que quando estivesse muito feliz, não deixar tudo para trás e se deixar levar, porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis também viriam de novo.

Tá, mas e daí??? Todo mundo sabe disso!!! Tá falando isso por que???

  • Tô falando porque nos esportes essa é uma realidade que bate na nossa cara todos os dias;
  • Tô falando porque o fantástico mundo das redes sociais joga uma cortina de fumaça sobre essa realidade;
  • Tô falando porque algumas vezes já ouvi a seguinte pergunta: “vocês treinam direto sem adoecer nunca?”;
  • Tô falando porque algumas vezes já ouvi a seguinte pergunta: “sempre dá tudo certo nas provas?”;
  • Tô falando porque existem milhões de motivos que provam que isso é uma realidade.

No domingo passado, dia 07/abril, acabei correndo a Rio City Half Marathon da série Run Cities. Não estava treinando pra essa prova e nem esperava fazê-la, porém, a Lívia acabou se inscrevendo num sorteiro do Instagram e me marcou. Acabei me inscrevendo no sorteio também e, acreditem se quiser pq até agora eu tb não acreditei, nós dois ganhamos a inscrição para essa prova!!!

O objetivo na prova era se divertir. Fazer um giro de 21k no conforto. Sem estressar muito o corpo já que 7 dias depois, em 14/abril, faríamos o Brasília Endurance, triathlon com distância de meio iron (1900m/90k/21k).

Tivemos um dia bastante diferente. Eu corri o tempo todo no meu ritmo de conforto e fiz exatamente o que queria ter feito. Lívia teve um dia mais difícil, não se sentiu bem e, o ritmo de conforto dela, que é muito mais rápido que o meu, acabou ficando tão lento quanto o meu e acabamos terminando a prova juntos.

Já domingo agora, a coisa foi bem diferente. Viajamos no sábado de manhã para Brasília e logo depois do almoço já estávamos com quase tudo da prova resolvida menos duas: montar as bikes e descobrir o que eram umas pintas vermelhas que apareceram espalhadas nos meus pés e mãos. Acertadamente a Lívia me convenceu a ir no hospital. Passamos a a tarde inteira e o começo da noite fazendo exames pra descobrir que não era nada além de uma simples virose mas que não dava pra eu fazer a prova.

Já de noite, a Lívia foi montar a bike dela pra poder fazer a prova. Dormiu umas 4h, no máximo, aquela noite pra poder largar num meio iron no dia seguinte com zero de descanso só pra poder me acompanhar no hospital. Ela falou sobre isso semana passada num post e é pura verdade. Nessas horas é que descobrimos quem está realmente disposto a passar os perrengues com a gente.

No dia seguinte, adivinha o que aconteceu??? Ela foi lá e, mesmo com todas as dificuldades da viagem conseguiu um belo segundo lugar no pódio geral…

Parabéns Baixinha, você é o máximo!!!

E agora? Entendeu o título??? Numa semana eu estava bem e ela mal. Na semana seguinte eu estava péssimo e ela já estava bem melhor…

Sigamos em frente, a vida é sempre assim, “isso também passa!!!”

Ironman 70.3 Rio 2018 – A Prova

22 de março de 2019 1 comentário

Sim, eu sei, tô muito atrasado… Mas acho que sempre vale à pena deixar um registro por aqui… E infelizmente a correria do dia a dia não me permite uma dedicação maior pra isso aqui…

A prova do Rio é, pra mim, uma prova muito especial… É no quintal de casa! Isso, obviamente, como tudo na vida, tem seus prós (não preciso gastar dinheiro com passagens e hospedagens) e seus contras (é sempre uma correria pq não consigo tirar uns dias dedicados à prova). Mas no geral, é sempre uma festa que eu gosto muito de participar…

Obviamente, dado que já se passaram 6 meses da prova, a riqueza de detalhes fica perdida e já peço desculpas por isso. Prometo tentar publicar sobre as próximas provas ainda na semana que elas ocorrerem… Tenhamos fé… Rs

Essa prova foi a primeira prova organizada pela Unlimited Sports depois daquela confusão generalizada no 70.3 de Maceió onde o vácuo foi uma constante, todo mundo reclamou bastante e acabei comentando no último post que fiz…

A Unlimited ajustou os tempos de largada das categorias pra conseguir espaçar mais os competidores e tentar reduzir o vácuo… No final acho até que deu certo mas, como nada é perfeito, teve gente largando muito tarde… E com o sol que estava, e normalmente está, acaba sendo uma prova bem diferente… As meninas, como de costume, foram as últimas a largarem e, obviamente, as mais prejudicadas pelas condições climáticas.

Pré Prova

Aqui no Rio, pra mim, a alegria sempre é maior… A quantidade de conhecidos que encontro na hora de buscar o kit, de tirar foto no “mdot”, do congresso técnico, bike check-in etc é muito maior. E como reencontrar amigos é sempre bom, o dia vai ficando mais leve…

 

Race day

Swim

Sei lá o que me deu nesse dia que na hora da largada eu me posicionei lá na frente… Na realidade, acho que estava meio apreensivo com a condição do mar, fui lá na frente dar uma olhada e acabei ficando por lá. Na minha frente só tinha uma fileira de atletas…

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Minha largada foi a primeira. Atrás apenas da elite masculina e feminina.

O mar nesse dia estava se mostrando meio complicado mas na realidade a gente ainda não sabia que ia piorar muito quem largou mais tarde encontrou uma condição bem pior… Mais uma vez as meninas se ferrando…

Fiquei sabendo que mesmo na minha largada, onde o mar não estava tão ruim, teve gente que já desistiu na primeira onda. Elas nem estava tão gigantes nesse momento, mas tinha onda quebrando até a primeira bóia, que fica mais longe… Ou seja, tinha onda quebrando na sua cabeça durante praticamente todo o percurso da natação.

Também não sei por qual motivo, talvez instinto de sobrevivência, fiz minha melhor natação de 70.3 da vida.

Saí feliz quando vi o relógio e parti pra T1.

OBS: Quando saí da água vi algumas meninas no perrengue da largada… Olhei para o mar e me assustei um pouco…

T1

Nunca é tão rápida quanto eu acho que pode ser mas acaba que, no bolo que eu saio da água, sou até rápido e acabo ganhando umas posições… Rs

Bike

Eu juro que estava confiante em um bom pedal… Esse percurso tem características muito bem definidas: vento contra em direção à Barra, vento a favor em direção ao Recreio, subida dura mas curta da Grota Funda ida e volta e depois mais duas voltas até a Barra no esquema vendo contra indo e a favor voltando. Ahh, normalmente quanto mais tarde, mais vento…

Esse ano achei que tinha um pouco mais de vento do que no ano passado… O que atrapalha legal na ida e ajuda muito na volta, logo, não sei se faz tanta diferença assim no resultado final.

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Fato é que esse ano meu pedal foi um pouco pior do que o ano passado fiquei meio triste com isso quando entreguei a bike mas depois, analisando os dados, verifiquei que acabei fazendo um pouco menos de força mesmo…

Pro meu nível, não foi um pedal absurdamente ruim, mas eu tinha uma expectativa de fazer um pouco melhor… Vida que segue.

T2

Essa eu acho que já aprendi a fazer… Consigo descer rápido da bike e me manter correndo pra fazer toda a troca que precisa… Essa T2 especificamente achei bastante boa…

Run

Nessa altura da prova, umas 10h30min da manhã, o sol já fritava os miolos… Mas eu estava decidido a correr até quebrar. Esse é o lado bom de ser pangaré e nunca estar disputando nada: vc pode arriscar o que quiser pq não tem nada a perder… Rs

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Acabou que a corrida encaixou direitinho. Sempre tem uma diminuída de ritmo no meio da prova mas depois consigo voltar e terminar num ritmo legal.

Preciso encontrar uma maneira de me manter focado na prova o tempo todo. Ainda disperso muito nos pensamentos. De repente me dou conta de que aquilo é uma prova e volto a prestar atenção no que está ocorrendo… Poucas foram as vezes que consegui entrar num “estado de fluxo” onde nada interfere no que estou fazendo… Quando isso acontece, é certeza de uma excelente prova.

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No final, acabei fazendo tb a minha melhor corrida de 70.3 da vida e fiquei bem satisfeito.

Obviamente, sempre dá pra melhorar. Mas perceber que, mesmo aos poucos, estou em evolução, é muito gratificante. Se tem um conselho que posso dar pra quem está iniciando no esporte é: seja constante! A melhora vai vir. Não precisa de pressa.

Pós prova

O pós prova no Rio é sempre especial: ver a Lívia chegando bem e encontrar a família depois da linha de chegada é sensacional…

Depois disso o resto do dia é de resenha… Rs

Vamos em frente que já tô vendo a próxima prova…

O vácuo, o doping e outras trapaças…

9 de agosto de 2018 1 comentário

Nessa última semana as redes sociais ficaram em polvorosa com o tema vácuo!
É que aconteceu no último dia 05/08 o Ironman 70.3 Maceió e a única coisa que se fala sobre a prova é do vácuo. É uma treta no vácuo da outra… Rs

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Muitas pessoas nas redes sociais ostentando seu PB (Personal Best) e todas, sem exceção, sendo criticadas e crucificadas por isso. Muita calma nessa hora. A pessoa pode ter andado no vácuo? Claro que pode! Mas também pode ter jogado limpo e ter feito seu PB honestamente. Nada podemos concluir por fotos. Ou o árbitro penaliza durante a prova ou já era!

Eu fiz essa prova no ano passado e olha que incrível, é o meu PB da distância também. Você pode acreditar ou não, mas eu digo que fiz uma prova totalmente honesta e durmo tranquilo com isso.
A verdade é que esse 70.3 de Maceió é realmente uma prova muito rápida. Sem sombra de dúvidas, a mais rápida que já fiz.
Como ano passado foi a primeira edição, muita gente não sabia que poderia ser assim, e como é no Nordeste, muita gente achou que poderia ser parecida com fortaleza, onde todo mundo sofre muito. Quem foi, se deu bem, quem não foi, viu a festa e correu pra se inscrever nesse ano.

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Insira uma legenda

Mesmo ano passado, com bem menos gente na prova, no meu relato escrevi o seguinte:
No geral vi um pedal bastante limpo mas sempre tem aquele pessoal “malandro” que se garante na impunidade, não tem jeito. Com cerca de 50km de prova fui engolido por um pelotão que devia ter uns 15 caras embolados. Era tanta gente que pra eu conseguir frear pra sair do grupo tinha que tomar cuidado. Tinha gente na minha frente, atrás de mim, na minha esquerda e na minha direita. Paguei um esporro generalizado mas de nada adianta, infelizmente a impunidade compensa pra essa galera. Cheguei a chamar um árbitro e mostrar pra ele o grupo mas ele nada fez…

Esse ano, pelo que falaram tinha cerca de 50% a mais de atletas. Era óbvio que teríamos problemas com vácuo.

Sabe no que o vácuo interfere na minha prova? Em nada. Eu sou pangaré. Não disputo vaga pra mundial, não disputo pódio… A disputa é só comigo, então, na realidade eu estaria passando a mim mesmo pra trás??? Que doido!!!

Mas agora pensa no amiguinho que treina pra caramba atrás de uma vaguinha pra um mundial, atrás de um troféu pra colocar na estante… Imagina perder a vaga sabendo que os que levaram estavam trapaceando? Deve ser um sentimento de nojo absurdo… Que aliás, é o mesmo que eu sinto quando vejo acontecer com os outros… E a gente vê muito…

Já ouvi atletas assumindo que se beneficiam sim do vácuo durante as provas e consideram que estão cumprindo o regulamento. A lógica é: “se me pegarem, cumpro a punição de 5min e continuo, daí pra frente, não faço mais nessa prova pra não ser desclassificado.” É óbvio que se for pego no início do pedal, não valeu o risco mas se for pego no final, valeu muito. Se não for pego então…

O vácuo para mim é uma trapaça semelhante à pessoa que corta caminho, que pega um táxi durante a maratona ou que se dopa pra “aguentar o tranco”… E se no doping a punição deve ser exemplar (falei que deve ser, não falei que é), por que não no vácuo? É tudo trapaça!

Quem tiver interesse nos efeitos do vácuo pode dar uma lida aqui:
http://www.biketribe.com.br/quanta-energia-eu-posso-economizar-andando-no-vacuo-do-pelotao/
Que acaba depois de levando pra esse artigo aqui:
https://www.europhysicsnews.org/articles/epn/pdf/2013/01/epn2013-44-1p20.pdf

Na minha opinião, enquanto a mentalidade dos atletas não mudar, tem que ter um repressão forte mesmo:

  • Fazer uma fiscalização mais firme;
  • Trocar os 5min de punição por 20min (passa a não compensar tanto);
  • Acrescentar alguns kms a mais na corrida (pra cansar as perninhas dessa galera);
  • Acrescentar a lista dos punidos no resultado das provas (pras pessoas saberem quem é quem);
  • Não permitir que os punidos peguem vagas pra mundiais;
  • etc.

Resumindo, tem que pegar, punir de maneira significativa e mostrar quem foi punido.

Ahh, e já que citei o doping no título, acho que todos que sobem no pódio e/ou pegam vaga pra mundial deveriam deixar um pouquinho de sangue lá pra ser examinado… Tenho certeza que ninguém se dopa. É só pra calar a boca dos que insinuam isso por aí… Pq o doping, esse sim dá pra gente provar que aconteceu sem ter visto nada estranho durante a competição…

Sei nem pq acabei escrevendo tudo isso… Acho que foi o sentimento de nojo…

 

Ironman Lanzarote 2018 – A Prova

23 de julho de 2018 3 comentários

A ideia

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O Ironman Lanzarote tem a fama de ser o mais difícil da franquia e confesso que nunca tive muuuita vontade de ir lá conferir essa fama… Mas aí veio a Lívia falando que era a prova dos sonhos e já viu, né??? Lá fomos nós… Rumo ao “The thoughest in the World”!!!

Pela primeira vez íamos largar juntos em uma prova de Ironman e isso foi legal durante a preparação, que juro que vou tentar contar como foi em outro post… Rs. Durante a prova já não é tão legal assim, ainda mais num percurso como o de Lanzarote, onde o pedal é em uma volta única e só dá pra saber alguma coisa sobre o outro na etapa da corrida… É duro ficar tanto tempo sem notícias… Mas vamos ao que interessa…

A viagem

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A prova lá acontece no sábado e não no domingo, como a maioria dos Irons. Como não conhecíamos nada do local, chegamos com bastante antecedência, no domingo anterior à prova. Isso foi ótimo pq, em primeiro lugar, as bikes não chegaram junto com a gente e, com tanta antecedência, ficamos tranquilos de que chegariam a tempo da prova. Outra coisa interessante foi que tivemos tempo para percorrer todo o percurso do ciclismo para conhecer os pontos críticos (obviamente isso foi feito de carro), o percurso da natação e de corrida antes da prova.

Ahh, já ia esquecendo… Também fizemos turismo… Rs

O “Terrorismo”

Antes de falar da prova, vale ressaltar uma parte engraçada.
Fizemos uma conexão muito rápida em Madri para chegar até Lanzarote. Obviamente, nossas bikes não chegaram junto conosco no destino final.
No aeroporto de Lanzarote, enquanto tentávamos descobrir onde estariam as bikes, acabamos conhecendo um senhor francês que também estava lá para fazer a prova e, sem a bike igualzinho a nós…
Papo vai, papo vem, descobrimos que ele é frequente em Kona, ou seja, o cara é casca grossa. Lá pelas tantas ele acabou nos contando que seria a segunda vez dele em Lanzarote. A primeira tinha sido 10 anos atrás e ele prometeu que nunca mais faria pq a prova era muito dura… Meu Deus… Pra que ele disse isso??? Mas ok, deve ser exagero, eu pensei…

Depois da papelada preenchida no aeroporto fomos atrás do nosso carro alugado. Chegando na locadora, o rapaz que lá trabalha estava com um cordão do Ironman segurando o crachá…
Papo vai, papo vem, ele nos disse que tinha feito a prova no ano passado e que prometeu pra ele mesmo que nunca mais faria pq a prova era muito dura. Agora só faz em outros lugares do mundo… Desnecessário me falar isso… Rs

No dia seguinte, fomos numa loja de bikes e, conversando com o vendedor sobre o percurso que havia mudado para este ano ele acabou deixando escapar que esse ano o percurso seria bem mais difícil do que nos anos anteriores… Pra que ficar me falando isso???

Daí pra frente parei de falar sobre a prova… A ideia já era voltar pro Brasil… Rs

Pré-race

Fomos buscar os kits da prova logo na abertura do evento, quarta-feira. Aqui já dá pra ver uma diferença: o kit da prova vem dentro de uma mochila com vários brindes. Parece besteira mas fiquei todo bobo com minha mochila de Lanzarote…
Pra pegar o kit não teve nenhuma complicação: chegou, assinou, pagou a taxa obrigatória de 10EUR, pega o kit e vaza… Tinham umas bebidas no “esquema 0800” e aproveitei pra hidratar bem… Rs

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No dia seguinte teve o briefing e o jantar de massas.
O briefing é sensacional! Apresentado pelo incrível Kenneth Gasque, aqui são passadas as principais instruções da prova que vou repetir as 3 primeiras que são as que lembro:
1 – Segurança
2 – Segurança
3 – Segurança
Obvio que o briefing é uma coisa séria mas foi um momento de grande descontração que me fez acreditar finalmente que seria divertido fazer a prova.
Uma coisa que chamou nossa atenção foi a quantidade de pessoas que fazem a prova muitas vezes. Quando ele perguntou quem ali já tinha feito a prova mais de 10 vezes, foi assustador… E ao mesmo tempo, tranquilizador… Rs

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Em seguida do Briefing veio o Desfile das Nações. Cara, isso é sensacional! Eles chamam as crianças de alguma escola pra representar os países. Cada país tem uma criança carregando a bandeira e uma criança carregando a placa com o nome do país. Nem todo mundo participa do desfile. Éramos 5 brasileiros na prova e só eu e Lívia fomos para o desfile. Quem for fazer a prova, vale a pena fazer um esforcinho pra ir no desfile. É bem legal. Além disso, as crianças que representaram o Brasil eram espetaculares…

Depois, jantar de massas. É um banquete sensacional! Nada de só ter macarrão e molho. Tinha salada, pães, massas, carnes de boi, frango e peixe, sobremesas e sei lá mais o que… Comi muito… Rs

Na sexta-feira era hora de verificar se não tinha nada de errado com a bike, separar o material da prova e deixar tudo no bike check-in.
Como não tinha horário pré-estabelecido, optamos por ir no meio do horário. Não gosto de ficar muito tempo longe da minha bike e tb não gosto de deixar tudo pra última hora. Vai que dá algum problema. Aqui, nenhum problema. Como de hábito, staffs atenciosos e com boas informações sobre como as coisas vão funcionar.

Race day

Preparação

Manhã de prova e tem sempre aquele ritual todo que a gente já conhece… Numa coisa aqui a gente se deu bem. Pegamos um hotel muito perto da largada, logo, deu tempo de acordar, tomar café, ir pra transição, arrumar tudo o que faltava, verificar se a bike tinha passado a noite bem e voltar no hotel pros últimos ajustes… Rs
Perfeito!

Natação

Como de hábito, a parte mais tensa de toda prova, pra mim…
Mas aqui tinha alguma coisa diferente que estava me deixando extremamente tranquilo. O percurso da prova é feito em duas voltas de 1.900m cada. Tínhamos nadado nesse percurso de 1.900m duas vezes e, nas duas, eu fiz tempos melhores do que os meus melhores tempos de 70.3. Além disso, o mar é lindo, totalmente flat, pouquíssima correnteza… Tudo perfeito!!! Ops, quase tudo… A água é bem gelada… Mas eu ainda não tinha noção do quão gelada ela era…

A largada em Lanzarote é única. Não existe largada em ondas, ou seja, quase 2.000 pessoas largando de um corredor estreito ao mesmo tempo.
A ordenação da largada é feita por tempo previsto da natação: você declara o tempo que pretende nadar e recebe uma touca da cor que indique aquele tempo. Isso evita muitos atropelos de pessoas mais rápidas largando lá no final e vice-versa… Mas não evita todos…
Incrivelmente consegui pontuar direitinho nas provas que fiz no ano anterior e acabei ficando classificado no ranking AWA (All World Athlete) do Ironman na categoria Silver. Essa classificação me fazia ter uma touca diferente das outras (iguais a todos os AWA de qualquer categoria: Gold, silver e bronze) que me permitia largar lá na frente, de “faixa no peito”… Obviamente que eu tb poderia ir lá pro final e largar tranquilão, mas os treinos dos dias anteriores fizeram crescer a confiança e eu larguei lá na frente mesmo… O problema é que dos 2.000 participantes, pelo menos metade deles nadam melhor que eu, uns 500 devem nadar parecido e os outros 500 um pouco pior… Aí já viu…
Deu a largada Comecei a nadar e a apanhar ao mesmo tempo… Tudo junto e misturado… Pra tentar fugir um pouco da pancadaria, acabei optando por fazer os contornos das boias de vértice um pouco mais aberto, o que me fez nadar mais do que o necessário (normalmente já faço isso naturalmente por erro. Dessa vez foi consciente… hahaha).
Perto do final da segunda volta, comecei a sentir muito frio. Muito frio. Muito frio mesmo. Nesse ponto já não sentia direito as mãos e percebia claramente que os movimentos já não eram tão coordenados como deveriam ser… Meu pensamento era só de sair da água.
Terminei a natação com um tempo um pouco pior do que eu esperava, porém, não tão ruim. Já nadei melhor, mas poderia ter sido pior… Vida que segue!
OBS.: Nem todo mundo sentiu frio na prova. Sou friorento demais mesmo.

Conclusão: Não gostei!!! (Mas poderia ter sido ainda pior)

T1

Saí da natação meio atordoado que quando lembrei de apertar o “lap” do Garmin já estava dentro da tenda… (Pô, nadei mais mas não foi tanto assim como diz a distância do Garmin… Rs)
Eu tremia tanto que acabei fazendo uma transição muito lenta. Tirei a roupa de borracha e me preparei pra pedalar com toda a calma do mundo. Depois disso ainda esperei um pouco pq estava com medo de pedalar daquele jeito…

Conclusão: Ridícula! Acho que foi a T1 mais demorada de toda a minha vida. Pior até do que a do meu primeiro Iron. Lamentável!!!

Bike

Aqui começava o grande desafio, afinal, seriam 180km com +/- 2.500m de altimetria.
Comecei tentando pedalar forte pra esquentar o corpo e logo na primeira subida já estava suando, que delícia… Rs
O percurso tem raríssimas partes planas e nenhuma sem vento, mas é de uma beleza impressionante.

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Adesivo com a altimetria colado no meu aerodrink.

Na expo, no stand da loja Tribike Lanzarote, conseguimos uns adesivos que tinham a altimetria da prova e a localização dos Aid Stations. Sensacional! A todo momento eu sabia o que estava por vir e, acreditem, isso pode parecer assustador, mas é sensacional saber que, por exemplo, no topo do próximo morro tem um ponto de hidratação etc.
O segredo aqui, pelo menos pra mim, é ter paciência e executar à risca o plano de hidratação e alimentação que vc elaborou em conjunto com seu/sua nutricionista (que, diga-se de passagem, eu tenho a melhor…).
Errar no ciclismo, nessa prova, é a diferença entre terminar a prova ou não. Não tô nem falando de ficar bem colocado, tô falando em conseguir terminar mesmo… É um pedal duro!
Na maior parte do percurso o asfalto é muito bom.
Alguns trechos de descida são um pouco perigosos. Tem lugar que a impressão que dá é que se errar a curva, já era…
Enfim, o tempo e os kms foram passando e confesso, estava tudo muito bem, mas lá pelo km 120 dá uma certa vontade de largar a porra toda. Ainda mais quando vc percebe que ainda faltam mais 2 morros pra subir… Foco e paciência são as palavras de ordem…
A parte boa é que quando chega lá pelo km 170 vc percebe que, daqui pra frente, praticamente só desce…

Bike - Altimetria

Altimetria do percurso.

Chegar na avenida da praia, onde fica a transição é algo indescritível. Ali veio a sensação de que realmente eu ia cruzar a linha de chegada, afinal, só faltava correr a maratona… Rs
Terminei a pedal com um tempo um pouquinho melhor do que eu esperava e isso me surpreendeu. Inclusive vislumbrei a possibilidade de tirar a diferença de tempo que deixei na natação e na T1… Rs

Conclusão: Gostei!!! Numa próxima vez (quem sabe) dá até pra arriscar um pouco mais…

T2

Depois de 7h20min pedalando, as pernas não estão exatamente sob seu controle. Mas até que consegui fazer uma transição não tão ruim.
Só não gostei muito pq achei a entrada da transição muito estreita e, apesar de saber que ainda faço uma transição bem lenta, eu tento fazer o mais rápido que dá. E faço correndo, não andando. Saí passando pela areia com a bike levantada igual a um maluco… Acho até que fui xingado… Mas em espanhol eu finjo que não entendi e vida que segue… Rs

Conclusão: Não foi boa, mas também não foi ruim…

Run

Comecei a corrida me sentindo muito bem e com as pernas tranquilas… Tenho dificuldade em controlar o ritmo quando termino de pedalar e dessa vez não foi diferente. Mas não demorei muito pra ajustar o pace e continuar no programado.
O percurso aqui é em 3 voltas, a primeira de 21km e as outras duas de 10,5km. É a primeira parte da prova que vc consegue ver as pessoas indo e vindo pra lá e pra cá… E a primeira coisa que comecei a fazer foi procurar a Lívia. Ali eu ia conseguir saber se ela estava na prova ou não, se estava bem ou não, enfim, era a hora de ter alguma informação sobre a prova dela…

Quando eu estava +/- no km 5, finalmente consegui vê-la, no outro sentido, +/- no km 15. É impressionante a tranquilizada que dá ao saber que, dentro do possível, nada de muito ruim aconteceu, afinal, ela estava na prova…
Mantive um ritmo programado até quase o km 15, onde comecei a sentir o cansaço… Daí pra frente, comecei a alternar a corrida com pequenas caminhadas nos postos de hidratação. Fechei a primeira volta, de 21km, e mesmo com a diminuída de ritmo a partir do km 15, eu estava com o tempo de corrida dentro do planejado.
A situação na segunda volta foi bem mais complicada. Tinha uma parte que ventava tanto que as pessoas corriam em fila pra não tomar tanto vento de frente… O ritmo caiu muito na segunda e na primeira metade da terceira volta. Somente depois do último retorno é que consegui colocar novamente um ritmo legal e correr direto pra chegada.
Faltando uns 500m, a Lívia, que já tinha acabado, feito massagem, comido etc, estava me esperando para me entregar a bandeira do Brasil.
Um pouco antes de entrar no tapete eu já estava num sprint muito forte… Fui passando as pessoas de uma maneira que não sei explicar de onde tirei pernas. Entrando no tapete, coloquei a bandeira pra cima e vim correndo até o pórtico…
Aí veio mais uma vantagem da prova: a faixa de chegada fica lá desde o primeiro até o último atleta a cruzar o pórtico. Acho que foi daí que tirei as forças pra passar quem estava na frente, não queria que atrapalhassem minha foto com a faixa de chegada no peito… Rs

Conclusão: Foi um pouco pior do que eu pretendia mas não foi ruim.

Pós prova

Na chegada, a primeira coisa que fiz foi procurar uma manta térmica. Cheguei bem, mas com frio.
Daí pra frente é a rotina normal mas com tudo muito bem organizado: refeitório, ambulatório, massagem, retirada de camisa de finisher…
Eu realmente acho que gostei de tudo…

No final do dia (meia noite) voltamos para ver o encerramento. É sempre emocionante a vibração da torcida pela galera que tá chegando ali no limite do tempo. Foi de arrepiar…

Day after

Férias e turismo!!! Rs

Conclusão geral

Se você pretende fazer uma prova realmente desafiadora, faça Lanzarote! Garanto que não vai ter arrependimento.
Agora, se vc quer fazer uma prova pra conseguir um tempo baixo e poder tirar onda que fez sub 9h, sub 10h etc, foge daqui pq não é o lugar…

Futuro

Assim que terminamos a prova combinamos que vamos voltar pra fazer de novo. Não posso garantir quando mas vamos voltar. Só não volto todo ano pq é longe. (E a passagem cara!!!)

 

Tem muita coisa legal na viagem e na prova… Assim que der um tempinho faço um outro post com mais curiosidades… Esse já ficou gigante!!!

 

Ironman 70.3 Alagoas – A prova

22 de agosto de 2017 1 comentário

O Ironman 70.3 Alagoas chegou pra ficar!!!

Esta prova estava com todos os indicativos de que seria uma prova bem legal e rápida. Tudo isso se confirmou!

Pré prova:

Cheguei a Maceió no final da tarde de quinta e ainda consegui, na correria, buscar meu kit. Aqui já deu pra perceber uma grande vantagem dessa prova: é muito fácil (e não tão caro) se hospedar perto de onde tudo acontece. Ok, em Floripa também é possível, mas só pra quem tem muito dinheiro… Rs
Basicamente fiz tudo à pé. A pousada ficava a 5min de caminhada lenta até a expo, a largada, a tudo. Bem legal isso.
Na sexta pela manhã, depois de montar as bikes, saímos pra dar um rolé na expo e fazer social com os amigos… No final da manhã fiz uma sessão de massagem desportiva pra dar uma ajuda pras pernas. Eu estava me sentindo realmente muito cansado, com pernas pesadas demais e a massagem ajuda muito… Na parte da tarde, uma nadada de leve no local da prova seguido de um trote de 3km só pro corpo não esquecer pra que estava lá…
Sábado de manhã, hora de testar as bikes e acabamos descobrindo que uma roda da Líva não estava legal… Isso gera uma tensão mas, como no final tudo dá certo, conseguimos resolver tudo… 10h30 teve congresso técnico, depois disso almoço, descanso, bike check in e mais descanso.
Domingo pela manhã tudo dentro do previsto: depois aquela noite pré prova mal dormida de todo mundo fomos pra transição verificar se estava tudo ok e nos preparar pra largada. Tudo certo e lá vamos nós!!!

A prova:

Swim:

Não sei o que aconteceu comigo mas eu estava bem confiante pra essa natação. Ainda não me sinto confiante o suficiente pra largar lá na frente mas já evoluí muito nesse quesito…
Quando tocou a buzina mantive a concentração e parti pra dentro.
O meu grande problema na natação é que não consigo ter ideia do ritmo que estou nadando. Nado os 750m de uma short no mesmo ritmo que nado os 3.800m de um Ironman. Essa é minha natação! Só sei se nadei legal quando coloco os pés no chão e olho o relógio.
Dessa vez, quando isso aconteceu, vi que nadei mais rápido do que eu esperava e isso foi sensacional. Indescritível!

Resumindo: Fiquei feliz demais com minha natação! Foi minha melhor natação de um 70.3!

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T1:

Agora já virou hábito: fiz a T1 correndo!
Minha T1 só não foi nota 10 pq eu não consegui passar direto pelo banheiro sem parar pra fazer xixi… Rs

Bike:

Eu não conhecia o percurso mas já tinham me dito que era plano, logo, a ordem era abaixar a cabeça e pedalar… E foi isso que eu fiz. Eu também estava confiante no meu ciclismo…
No geral vi um pedal bastante limpo mas sempre tem aquele pessoal “malandro” que se garante na impunidade, não tem jeito. Com cerca de 50km de prova fui engolido por um pelotão que devia ter uns 15 caras embolados. Era tanta gente que pra eu conseguir frear pra sair do grupo tinha que tomar cuidado. Tinha gente na minha frente, atrás de mim, na minha esquerda e na minha direita. Paguei um esporro generalizado mas de nada adianta, infelizmente a impunidade compensa pra essa galera. Cheguei a chamar um árbitro e mostrar pra ele o grupo mas ele nada fez…
De qualquer maneira, esses caras acabam te fazendo evoluir, pq a raiva fica tão grande que vc faz até a força que não tem pra fazer…
Durante o pedal fez sol, chuva, calor, frio, vento contra, vento a favor, uma doideira… Mas nada disso atrapalhou, foi um pedal bem rápido.

Resumindo: Fiquei bem feliz com esse pedal. Foi meu melhor pedal em um 70.3!

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T2:

Essa transição eu já tenho bem organizada na minha cabeça. Dessa vez pulei da bike com tanta vontade que o staff que pega a bike pra gente quase deixou ela cair (não foi culpa dele, aloprei mesmo). Quase que eu tb caí entrando na transição (já à pé) pq não diminuí a velocidade… Rs. Preciso me controlar mais aqui… Rs

Run:

Aqui vinha a minha grande preocupação. Depois do desgaste da sequência Ironman BrasilMaratona do Rio, minha corrida não vinha encaixando. Isso estava me deixando chateado pq eu tinha corrido legal nas duas provas e queria continuar surfando nessa onda mas parecia que eu tinha passado do ponto e estava cansado demais…
Só que na hora da prova, se vc deixar esses pensamentos de lado, as coisas acontecem.
Comecei a corrida um pouco mais forte do que deveria e isso foi logo corrigido nos kms seguintes. Eram 3 voltas de 7k e no final da primeira comecei a sentir o cansaço. A segunda volta foi num ritmo um pouco mais lento, quase no modo sobrevivência… Rs. Só que chega uma hora que vc percebe que tem um pouco a mais pra dar… Na última volta consegui voltar a um ritmo legal e da metade dela pro final, encontrei um conhecido que, ao me ultrapassar, me chamou pra ir junto. Foram 4km num pace que sozinho eu jamais ousaria tentar. A cabeça não me permitiria mas ficou provado que o corpo aguenta.
Ouse!

Resumindo: Feliz pra caramba com minha corrida. Foi minha melhor corrida de 70.3!

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No final das contas consegui melhorar muito meu tempo de 70.3 com minha melhor natação da distância, meu melhor pedal da distância e minha melhor corrida da distância, tudo junto numa prova só. Sensacional!!! E sim, tô bem feliz!!!

Vamos em frente que o ano ainda não acabou…

Maratona do Rio 2017 – A Prova

21 de junho de 2017 1 comentário

Em primeiro lugar é preciso dizer que me inscrevi nessa prova na empolgação da festa… Estava lá em Floripa, na véspera do Ironman quando descobri que abriram novas vagas para a prova que aconteceria em 3 semanas. Como o término das inscrições tinha sido minha “desculpa” pra não fazer a prova, dessa vez não tive como não me inscrever… 😀

Logo depois de terminar o Iron, o pensamento era: “Por que me inscrevi pra uma maratona daqui a 3 semanas?”.

Feita a besteira (de me inscrever), o objetivo agora era recuperar as pernas pra maratona. Das 3 semanas que eu tinha pra me recuperar, o que aconteceu foi o seguinte:
– 1ª semana inteira sem fazer absolutamente nada;
– 2ª semana nadando e pedalando leve, sem corrida ainda;
– 3ª semana incluí novamente a corrida pro corpo lembrar o que era aquilo…

Mesmo com todo esse descanso, a “ordem” era parar na prova casa sentisse algum desconforto ou estivesse muito cansado.

Dado este cenário, a prova pra mim não tinha absolutamente nenhum “peso”. Era só diversão… E foi tanta diversão que me dei ao luxo de ir na expo nos 3 dias que antecederam a prova. Andei, comprei, fiz social, enfim, me diverti!

No dia da prova, a estratégia era simples: me manter no ritmo de conforto até que o conforto acabasse ou a linha de chegada chegasse… Rs. O que acontecesse primeiro… hahaha
A linha de chegada “chegou” primeiro… Rs

Eu gosto muito de usar o monitor cardíaco. Não me baseio nele pra treinar, mas gosto de observar o que está acontecendo… Nessa prova, corri com os batimentos cardíacos baixinhos até a primeira subida, que acontece no km 23, mais ou menos.

Comecei no Recreio, dei a volta na Praia da Macumba, retornei ao Recreio e passei  a Reserva e a Barra da Tijuca com um ritmo muito legal e os batimentos lá “no chão”… Sensacional, eu estava me divertindo!!!

Depois da primeira subida, do elevado do Joá, consegui fazê-los retornar pro nível anterior e cruzei a praia de São Conrado com tranquilidade pois logo à frente viria a pior subida do percurso…

Subi bem a Av. Niemeyer, e depois dela os batimentos já estabilizaram num nível mais alto, porém, ainda num patamar bem tranquilo comparado com uma corrida forte. Mas aí já estávamos passando do km 30…

Nessa altura, já estava confiante de que eu iria até o final da prova. Estava tudo fluindo muito bem… Incrivelmente bem…

No Leblon encontrei amigos que correram comigo por um tempo e depois saíram…

Estava tão focado que nem percebi Ipanema ficando para trás…

Copacabana veio com um vento que quase levou meu boné embora (logo o que eu tinha acabado de comprar na expo… rs).

Quando virei na Av. Princesa Isabel pra sair de Copacabana já sabia que estava ali o meu melhor tempo de maratonas, sim, meu PB (Personal Best) estava a 4km de distância… Foi aí que parei de pensar no conforto e comecei a pensar em acelerar…

Passei feliz pela Praia de Botafogo e entrei no Aterro do Flamengo com a velocidade que dava mas já não conseguia esconder a felicidade.

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Por volta do km 41… Não precisa falar nada, né?

Acenei para alguns fotógrafos mas o sorriso estava direto no rosto…

Finalmente cruzei a linha de chegada com o meu melhor tempo da vida em maratona…

Ok, não é um espetáculo de tempo mas é o meu melhor… E a satisfação em fazer o seu melhor é inigualável…

Essa foi minha história do Recreio até o Aterro do Flamengo… Quando a gente menos espera, milagres acontecem… Faça a sua parte e vai pra dentro…

Vamos em frente!!!